O sistema educacional de Cingapura, um pequeno país localizado no sudeste da Ásia, está entre os melhores do mundo, de acordo com o último relatório do PISA – o Programa Internacional de Avaliação de Alunos, de 2009. O país está em quinto lugar em leitura, segundo lugar em matemática e quarto lugar em ciências. O segredo? Investimento na capacitação dos professores e ousadia em mudar a metodologia pedagógica, a qual denominaram “Modelo VHC”. O V significa Valores, o H, Habilidades e o C, Conhecimentos.
Em entrevista à Revista Educação deste mês, Lee Sing Kong, que comanda o Instituto Nacional de Educação, órgão ligado ao Ministério da Educação, afirmou que o país investe pesado em formação de professores e ao perceber ritmos diferentes de estudo de aluno para aluno, não pensaram duas vezes: instituíram um modelo que forma grupos de estudantes diferentes, ou seja, eles são agrupados em turmas que tem um mesmo ritmo. Conforme a reportagem, os alunos que são muito bons seguem para escolas tradicionais, com programas mais autônomos e os mais lentos são designados às escolas específicas, onde podem ser beneficiados com um currículo mais customizado cuja base são atividades práticas.
Sonho de aprendizagem
Com base nas minhas pesquisas e entrevistas com alunos com dificuldades de aprendizagem, diagnosticados TDAH e disléxicos, posso afirmar que esse modelo educacional seria o sonho de quase a totalidade deles para conseguir alcançar a tão sonhada aprendizagem. Por que digo isso? Além de existir um ponto de consentimento entre as correntes que defendem a existência destes transtornos com as que acreditam que estes transtornos não existem: em ambos os casos, concordam que a aprendizagem ocorre em ritmo bem diferenciado da maioria, geralmente mais lento, as pesquisas científicas apontam essa realidade: essas crianças aprendem de forma diferente sim!
Veja agora como funciona na prática essa teoria pedagógica de Cingapura: a reportagem citou um exemplo, dado pelo próprio Kong: o professor desse tipo de escola descobre que um grupo de alunos adora andar de esqui. Se ele diz que a velocidade é o tempo sobre o espaço, os estudantes entendem o que ele quer dizer porque o docente, então, os leva para andar de esqui e pede a eles que meçam a distância e o tempo que andaram. Por fim, explica o conceito de velocidade. O fato deles terem participado da experiência, a vivenciado, faz com que aprendam. Kong frisou ainda que os alunos mais lentos não são alunos que não podem aprender, pelo contrário, eles podem, mas precisam de atividades diferenciadas. Não há um estímulo apenas intelectual, mas também da prática. Ficou evidente, comprovado, que eles aprendem quando fazem vivenciando o que os professores estão dizendo, estão tentando ensinar.
E aqui, bem neste ponto – atividades diferenciadas – pode estar a pílula mágica do processo cognitivo cujo efeito não ocorre por conta de um princípio farmacológico ilusório, mas sim por conta de um princípio mental contudente: o despertar do interesse. E, quando o professor consegue despertar o interesse destas crianças, elas surpreendem a todos porque mostram que são capazes de romper os próprios limites.
Outro fato abordado pela reportagem diz respeito a questão da política de bonificação, aquela que nós, brasileiros, começamos a conhecer bem quando nossos governantes resolveram incorporar ao mundo educacional práticas empresariais, bonificando com prêmios financeiros escolas e professores. Engraçado que essa prática vem acontecendo mais intensamente depois da década de 90, quando justamente a educação passou a ser considerada como mercadoria pelo GAT – Acordo Geral sobre Comércio de Serviço no âmbito da Organização Mundial do Comércio do qual o Brasil é signatário e que nos faz refletir sobre qual educação queremos de fato.
Enquanto em Cingapura a educação estimula os alunos a saírem do processo de aquisição e conquistarem o conhecimento por meio da inovação, aqui no Brasil, ficamos reféns de uma outra realidade a qual força a todos seguirem um mesmo padrão para que assim possam ser consumidores de um único sistema mesmo que para isso seja necessário usar de uma droga tão pesada como o Metilfenidato, a Ritalina. Sai mais barato....................mesmo que as consequências a longo prazo sejam totalmente desconhecidas. Afinal, o futuro a quem pertencerá?
Ainda não leu sobre a farmacologia deste medicamento? Então não perca tempo, clique aqui e confira o post.
Caso tenha ficado interessado em ler a matéria da Revista Educação, ela está disponível na versão online, clique aqui .
Para saber mais sobre o PISA, clique aqui
Ah, mas você ficou curioso mesmo em saber mais sobre o GATT? Não tem problema! Sugiro a leitura de um artigo publicado pelos professores João dos Reis Silva Junior e Carlos Lima, acesse clicando aqui
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