Eu dei e não funcionou.....
Meu drama começou quando minha filha, a Yasmin, entrou para o 1º ano. Foi matriculada numa escola da rede pública. Depois de alguns meses, fui convocada para comparecer à escola para uma conversa “particular” com a professora dela. Ao começar a ouvir tantas reclamações, acabei abaixado a cabeça. Contive as lágrimas para não chorar. Foi muito difícil ouvir tudo aquilo, todas aquelas reclamações sobre o comportamento de minha única filha, ansiosamente esperada por longos anos de tentativa em engravidar.
Sei de seu comportamento. Não tem mesmo uma personalidade fácil, é forte, é daquelas que sabem muito bem o que querem, mas daí a dizer que minha garota, de pouco mais de 7 anos, era capaz de tudo aquilo, era difícil de acreditar. Seria possível mesmo ela ser a responsável em promover uma verdadeira baderna na escola e ninguém conseguir contê-la? Não tive voz para argumentar, defender minha filha. Acho que a escola foi muito autoritária comigo e praticamente me obrigou a aceitar levá-la para realizar uma avaliação médica com vários profissionais que iriam fazer um diagnóstico envolvendo especialistas de áreas como: fonoaudiologia; psicopedagogia; psicologia; neuropediatria etc.
Quando cheguei nesta clínica, neste local onde a escola tem convênio, realmente minha filha passou um dia inteiro com diversos especialistas que aplicaram nela vários testes e conversaram também comigo e com meu marido. Chegaram à conclusão de que ela é portadora do TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade e a encaminharam ao neuropediatra. Logo na primeira consulta, o médico me deu uma receita de Ritalina. Confiei nele e comecei a dar o tal remédio para minha filha. Só sei que durante um ano inteiro ela tomou essa droga e como as reclamações na escola não terminavam, sempre recebia em casa bilhetinhos da professora me chamando para uma daquelas “conversas particulares”, resolvi trocar de escola. Não agüentei tanta pressão. Matriculei ela em outra unidade do mesmo município e no começo até que houve uma pequena melhora mas, em pouco tempo, vieram novamente as mesmas reclamações e outras “convocações” para comparecer à escola.
Só sei que a cada nova reclamação anotada em sua ficha, o neuropediatra aumentava a dose da Ritalina. Eu dava o remédio cada vez mais forte e mesmo assim, as reclamações na escola continuavam. Resultado? Parei de dar o remédio porque vi na prática que não surtiu o efeito esperado pela escola. Minha filha continuava e continua recebendo as mesmas reclamações: não para quieta em sala de aula , é muito agitada , vira e mexe não faz o que as professoras pedem, como por exemplo: copiar as lições da lousa e fazer as tarefas propostas para a turma toda, dizem que ela gosta mesmo é de brincar, de que ela atrapalha e muito a aula e que não apresenta concentração nenhuma.
Deixei de levá-la ao neuropediatra e ao pessoal da clínica porque durante um ano inteiro segui as orientações, sem sucesso. Não sei o que pensar, o que fazer. Só sei que estou a mais de meses na fila de espera por uma consulta com a psicóloga do posto de saúde perto de casa na esperança de encontrar alguma solução.
Gostaria de terminar esse desabafo dizendo a vocês que depois de toda esta luta, nada mudou. Tudo ficou exatamente igual, como era antes. Não tenho encontrado nenhuma resposta para o problema dela nem mesmo um diagnóstico certo porque se fosse o problema dela ser TDAH creio que o remédio deveria ter funcionado e não funcionou.
Depoimento cedido em maio/2011 por Katia Cristina, São Caetano do Sul, São Paulo.
Eu dei e funcionou ..................
O Lucas foi diagnosticado com TDAH aos 7 anos. Ele estuda numa mesma escola, da rede particular, desde o maternal, quando tinha 5 anos. Quando começou a primeira série, a coordenadora me chamou para uma conversa particular e pediu-me que o levasse para uma avaliação com um neuropediatra porque ele apresentava vários indícios de ser TDAH. Segui as orientações e busquei um médico de confiança. Logo na primeira consulta, após uma conversa de 40min com o Lucas e algumas perguntas feitas à mim, a neuropediatra confirmou as suspeitas da escola: meu garoto apresentava sim todos os sintomas característicos de TDAH. A médica então solicitou exames para ver se ele tinha alguma outra alteração no organismo e o Lucas foi fazer então o exame de sangue completo e o de eletroencefalograma. Com os resultados em mãos, voltei ao consultório e a médica conversou comigo sobre a Ritalina e seu uso. Mesmo assustada, confiei nela, e começamos a usar a medicação. Junto com o remédio foi indicado tratamento multidisciplinar com terapeuta ocupacional e psicóloga.
Depois de ler a bula do remédio, mesmo assustada com o que li, de saber que não se tratava de medicamento simples, resolvi arriscar o tratamento e logo no começo notamos claramente a mudança no comportamento do meu filho. A Ritalina não o deixa "abobado", mas lhe dá a condição de fazer a coisa certa. Ele ficou mais concentrado na escola e suas ações, menos explosivas. Quando ele não toma a Ritalina, notamos claramente o quanto fica acelerado e tem suas ações e reações geralmente de uma forma diferente de quando toma o remédio.
No dia que comprei o remédio e li a bula, chorei feito criança. Um conflito imenso tomou conta de mim. Qual seria a melhor decisão?!? Sim, porque nós, mães, só queremos o melhor para nossos filhos. Após voltar a conversar com a pediatra do meu filho, com meu esposo e outros amigos da área médica, resolvemos fazer um teste de 45 dias para ver qual seria a reação do meu garoto. Essa fase foi uma tortura pra mim. Cheguei a escrever num caderno um relatório diário, desde o horário que ele tomou a Ritalina até quais foram os sintomas que estava tendo, a alimentação que fazia, enfim anotava tudo. No final dos 45 dias, voltei ao consultório com a certeza de que tinha encontrado uma "saída" para meu filho e estava segura quanto ao uso da medicação. Para o organismo dele não viciar, a médica o deixa um mês inteiro sem tomar o remédio. Escolhemos o mês de férias, que é quando podemos ficar de olho nele.
Em julho de 2010, ele teve "alta" da terapia. As psicólogas que o acompanhavam notaram uma melhora importantíssima no comportamento dele. No começo do tratamento, durante os três primeiros anos, ele chegou a participar das sessões de terapia 2x por semana, cada uma com duração de 1h. Durante o quatro ano de tratamento, as sessões diminuíram para uma consulta por semana. Em 2009, ele ficou o ano inteiro sem tomar a Ritalina, para dar uma limpada no organismo, e hoje ele só toma durante a semana de aula, não damos mais aos finais de semana.
Não concordo com o uso indiscriminado de medicamentos, mas alguns pacientes realmente precisam de medicação. Acho que o TDAH é um deles. Meu filhote tem hoje 14 anos, continua tomando o remédio e é um adolescente normal, até para os padrões da sociedade. Muitos nem acreditam quando digo que ele é TDAH. Mas depois de tantos anos já conhecemos o "universo" do transtorno, a visão de quem sofre e a visão da família que participa junto dessa "luta" porque infelizmente é uma "doença" que não se vê fisicamente e, talvez por isso, ainda haja tanto preconceito sobre sua existência ou não.
Depoimento cedido em maio/2011 por Catia Bastos, Anápolis, Goiás.
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