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terça-feira, 31 de maio de 2011

Dar ou não dar? Eis a questão...............

Eu dei e não funcionou.....

Meu drama começou  quando minha filha, a Yasmin, entrou para o 1º ano. Foi matriculada numa escola da rede pública. Depois de alguns meses, fui convocada para comparecer à escola para uma conversa “particular” com a  professora dela. Ao começar a ouvir tantas reclamações, acabei abaixado a cabeça. Contive as lágrimas para não chorar. Foi muito difícil ouvir tudo aquilo, todas aquelas reclamações sobre o comportamento de minha única filha, ansiosamente esperada por longos anos de tentativa em engravidar. 

Sei de seu comportamento. Não tem mesmo uma personalidade fácil, é  forte, é daquelas que sabem muito bem o que querem, mas daí a dizer que minha garota, de pouco mais de 7 anos, era  capaz de tudo aquilo, era difícil de acreditar. Seria possível mesmo ela ser a responsável em promover uma verdadeira baderna na escola e ninguém conseguir contê-la? Não tive voz para argumentar, defender minha filha. Acho que a escola foi muito autoritária comigo e praticamente me obrigou a aceitar levá-la para realizar uma avaliação médica com vários profissionais que iriam fazer um diagnóstico envolvendo especialistas de áreas como: fonoaudiologia; psicopedagogia; psicologia; neuropediatria etc.

Quando cheguei nesta clínica, neste local onde a escola tem convênio,  realmente minha filha passou um dia inteiro com diversos  especialistas que aplicaram nela vários testes e conversaram também comigo e com meu marido. Chegaram à conclusão de que ela é portadora do TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade e a encaminharam ao neuropediatra. Logo na primeira consulta, o médico me deu uma receita de Ritalina. Confiei nele e comecei a dar o tal remédio para minha filha. Só sei que durante um ano inteiro ela tomou essa droga e como as reclamações na escola não terminavam, sempre recebia em casa bilhetinhos da professora me chamando para uma daquelas “conversas particulares”, resolvi trocar de escola. Não agüentei tanta pressão. Matriculei  ela em outra unidade do mesmo  município e no começo até que houve uma pequena melhora mas, em pouco tempo, vieram  novamente as mesmas reclamações e outras “convocações” para comparecer à escola.

Só sei que a cada nova reclamação anotada em sua ficha, o neuropediatra aumentava a dose da Ritalina. Eu dava o remédio cada vez mais forte e mesmo assim, as reclamações na escola continuavam. Resultado? Parei de dar o remédio porque vi na prática que não surtiu o efeito esperado pela escola. Minha filha continuava e continua  recebendo as mesmas reclamações: não para quieta em sala de aula , é muito agitada , vira e mexe não faz o que as professoras pedem, como por exemplo: copiar as lições da lousa e fazer as tarefas propostas para a turma toda, dizem que ela gosta mesmo é de brincar, de que ela atrapalha e muito a aula e que não apresenta concentração nenhuma.

Deixei de levá-la ao neuropediatra e ao pessoal da clínica porque durante um ano inteiro segui as orientações,  sem sucesso. Não sei o que pensar, o que fazer. Só sei que estou a mais de meses na fila de espera por uma consulta com a psicóloga do posto de saúde perto de casa na esperança de encontrar alguma solução. 
Gostaria de terminar esse desabafo dizendo a vocês que depois de toda esta luta, nada mudou. Tudo ficou exatamente igual, como era antes. Não tenho encontrado nenhuma resposta para o problema dela nem mesmo um diagnóstico  certo porque se fosse o problema dela ser TDAH creio que o remédio deveria ter funcionado e não funcionou.

Depoimento cedido em maio/2011 por Katia Cristina, São Caetano do Sul, São Paulo.


Eu dei e funcionou ..................


O Lucas foi diagnosticado com TDAH aos 7 anos. Ele estuda numa mesma escola, da rede particular,  desde o maternal, quando tinha 5 anos. Quando começou a primeira série,  a coordenadora me chamou para uma conversa particular e  pediu-me  que o levasse para uma avaliação com um neuropediatra porque ele apresentava vários indícios de ser TDAH. Segui as orientações e busquei um médico de confiança. Logo  na primeira consulta, após uma conversa de 40min com o Lucas e algumas perguntas feitas à mim, a neuropediatra  confirmou as suspeitas da escola: meu garoto apresentava sim todos os sintomas característicos de TDAH. A médica então solicitou exames para ver se ele tinha alguma outra alteração no organismo e o  Lucas foi fazer então o exame de sangue completo e o de eletroencefalograma. Com os resultados em mãos, voltei ao consultório e a médica conversou comigo sobre a Ritalina e seu uso. Mesmo assustada, confiei nela, e começamos a usar a medicação. Junto com o remédio foi indicado tratamento multidisciplinar com terapeuta ocupacional e psicóloga.

Depois de ler a bula do remédio, mesmo assustada com o que li, de saber que não se tratava de medicamento simples, resolvi arriscar o tratamento e logo no começo notamos claramente a mudança no comportamento do meu filho.  A Ritalina  não o deixa "abobado", mas lhe dá a condição de fazer a coisa certa.  Ele ficou mais concentrado na escola e suas ações, menos explosivas. Quando ele não toma a Ritalina, notamos claramente o quanto fica acelerado e tem suas ações e reações geralmente de uma forma diferente de quando toma o remédio.

No dia que comprei o remédio e li a bula, chorei feito criança. Um conflito imenso tomou conta de mim. Qual seria a melhor decisão?!? Sim, porque nós, mães, só queremos o melhor para nossos filhos. Após voltar a  conversar com a pediatra do meu filho, com meu esposo e outros amigos da área médica, resolvemos fazer um teste de 45 dias para ver qual seria a reação do meu garoto.  Essa fase foi uma tortura pra mim. Cheguei a escrever  num caderno um relatório diário, desde o horário que ele tomou a Ritalina até quais foram os sintomas que estava tendo, a alimentação que fazia, enfim anotava tudo. No final dos 45 dias, voltei ao consultório com a certeza de que tinha encontrado uma "saída" para meu filho e estava segura quanto ao uso da medicação. Para o organismo dele não viciar, a médica o deixa um mês inteiro sem tomar o remédio. Escolhemos o mês de férias, que é quando podemos ficar de olho nele.

Em julho de 2010, ele teve "alta" da terapia. As psicólogas que o acompanhavam notaram uma melhora importantíssima no comportamento dele. No começo do tratamento, durante os três  primeiros anos, ele chegou a participar das sessões de terapia  2x por semana, cada uma com  duração de 1h. Durante o quatro ano de tratamento, as sessões diminuíram para uma consulta por semana. Em 2009, ele ficou o ano inteiro sem tomar a Ritalina, para dar uma limpada no organismo, e hoje ele só toma durante a semana de aula, não damos mais aos finais de semana.

Não concordo com o uso indiscriminado de medicamentos, mas alguns pacientes realmente precisam de medicação. Acho que o TDAH é um deles. Meu filhote tem hoje 14 anos, continua tomando o remédio e é um adolescente normal, até para os padrões da sociedade. Muitos nem acreditam quando digo que ele é TDAH.  Mas depois de tantos anos já conhecemos o "universo" do transtorno, a visão de quem sofre e a visão da família que participa junto dessa "luta" porque infelizmente é uma "doença" que não se vê fisicamente  e, talvez por isso, ainda haja tanto preconceito sobre sua existência ou não.

Depoimento cedido em maio/2011 por Catia Bastos, Anápolis, Goiás.


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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ritalina + ecstasy = balada hiperativa - As facilidades da compra

Matéria veiculada pela Folha Equilíbrio, em  28/09/2010, já denunciava o uso da Ritalina misturada com ecstasy em baladas para promover uma noite “hiperativa” e “inesquecível”. Nenhuma novidade para a polícia e quem atua na área sabe muito bem que o uso “virado aos avessos” da ritalina já é praticamente rotina, encontrada noite adentro, durante as blitzs em busca de drogas.

Se para a polícia é difícil conter as drogas ilícitas, imagina agora com a facilidade de acesso a uma droga similar à cocaína (ritalina/metilfenidato).  A compra deste medicamento/droga, que faz parte da categoria dos entorpecentes, pode ser feita em qualquer  farmácia de esquina cujo preço médio varia em torno de R$ 25,00. Basta apresentar uma receita amarela (é aquela que só comercializa dois tipos de drogas: a própria ritalina e a morfina e que explico em outro post). Você deve estar se perguntando então como é feito o diagnóstico do TDAH que dá autoridade ao médico poder prescrever um medicamento desta categoria.   

Vamos lá entender o processo ...........

Até o momento, pelo que sei, não existe exame físico que possa comprovar a existência do TDAH como sendo uma doença, ou seja, é diferente, por exemplo, do diabetes. Você vai lá no laboratório, tira o sangue e o resultado do exame indica se tem ou não tem. Não há erro. Não há dúvidas. Por isso, existe tanta polêmica em torno da existência ou não deste transtorno. Enquanto a ciência não consegue dar uma resposta mais conclusiva, apontando uma “evidência física incontestável”, o diagnóstico é feito, na maioria dos casos, por meio de um tal de questionário, conhecido no meio médico como SNAP-IV, formulado a partir dos sintomas do Manual de Diagnóstico e Estatística – IV Edicação (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria.  É daí a expressão “diagnóstico clínico” porque é feito em cima deste questionário e de uma conversa entre médico e paciente.  Caso o paciente responda 6 das 10 perguntas, o médico já pode indicar o uso da Ritalina. Isso é o procedimento padrão e não vão brigar com os médicos! Eles estão apenas cumprindo o seu papel diante das ferramentas a que tem acesso e que foram aprovadas pelos governos. Se decidem prescrever ou não, já é outra história. O fato é que é assim que funciona a lógica do diagnóstico clínico para o TDAH que gera acesso ao medicamento.     

Não é por acaso que o Brasil já é o segundo maior consumidor de Ritalina no mundo. É muito simples consegui-la pelas vias oficiais. Um remédio tão forte não deveria poder ser prescrito com tanta facilidade numa única consulta, com um único especialista, por mais experiente que ele seja, em cima de um questionário, que na minha opinião parece mais um daqueles testes de revista feminina para saber se ele tá afim de você ou não. Duvida? Sugiro que leia o tal questionário, ele está disponibilizado na página da ABDA - Associação Brasileira do Déficit de Atenção. Clique aqui e veja com os próprios olhos.

Enquanto as autoridades fazem vista grossa à gravidade do assunto, a indústria farmacêutica comemora o grande sucesso de seu produto.  
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Caso queira ler a matéria da Folha Online, clique aqui.

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domingo, 29 de maio de 2011

Visão pedagógica entre avaliação, aprendizagem, TDAH e Dislexia

Independente da polêmica  sobre a existência ou não do TDAH e da Dislexia, na área pedagógica temos uma certeza: existe sim crianças que realmente não conseguem aprender no mesmo ritmo e do mesmo modo que a maioria.
Até agora, em todas as minhas entrevistas com pais de crianças que foram diagnosticadas TDAH ou disléxicas, a informação que me dão é a seguinte: só foram procurar por ajuda médica após orientação dos professores de seus filhos. Então, se os sinais destes transtornos manifestaram-se primeiramente na escola e é por causa dela  que estas crianças estão indo parar em consultórios neurológicos e psiquiátricos e tomando ritalina, o papel da escola é importantíssimo nesta discussão.
Em busca de mais respostas, fui entrevistar meu professor de avaliação e aprendizagem do curso de Pedagogia, dr. Ivo José Both,  para saber dele uma opinião sobre o que “nós” professores podemos fazer quando deparamo-nos em sala de aula com essa situação. 

A ENTREVISTA

Autor de vários livros, entre eles  Avaliação planejada, aprendizagem consentida: é ensinando que se avalia, é avaliando que se ensina, Ivo José Both  é membro do Conselho Editorial da PUC do Paraná e professor titular nos cursos de graduação e pós da Faculdade Internacional de Curitiba. É  licenciado em Filosofia pela Universidade de Passo Fundo, mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutor em Educação pela Universidade do Minho, Portugal. É também avaliador de cursos e avaliador institucional do MEC.


  
Vanessa Martos Gasquez   - Professor, como deveria ser uma avaliação para crianças diagnosticadas portadoras de Dislexia e de  TDAH? A avaliação deveria ser diferenciada como sugere a maior parte dos especialistas que defende a existência destes transtornos? 

Ivo José Both:  Entendo que tanto a Dislexia quanto o TDAH refletem transtornos de aprendizagem e variações comportamentais. A Dislexia manifesta-se genericamente pela dificuldade de ler. No entanto, a dificuldade de leitura vem normalmente acompanhada pela disgrafia, que é a dificuldade de escrever corretamente as palavras. Já o TDAH  é um transtorno neurobiológico, de causa genética.
Em nível escolar, a criança disléxica e a criança com TDAH, mesmo que em convivência com os demais colegas num mesmo ambiente escolar, também merecem acompanhamento pedagógico específico por profissionais habilitados e experientes no trato com crianças que manifestam tais transtornos. Como fica então a questão do ensino-aprendizagem e da avaliação escolar? Em ambiente escolar, o professor não deve adotar medidas pedagógicas diferenciadas e nem preferências porque algum de seus alunos manifesta ou foi diagnosticado com algum transtorno que resulte em dificuldades de aprendizagem. O ensino-aprendizagem e a avaliação constituem mútua cumplicidade, em que ensina-se avaliando e avalia-se ensinando. Não existe ensino-aprendizagem sem avaliação, nem avaliação sem ensino-aprendizagem para crianças com e sem necessidades educacionais especiais.

VMG - O senhor acredita haver alguma relação entre a implantação do sistema de ciclos com as dificuldades de aprendizagem? Porque se analisarmos a linha da história, nos Estados e Municípios que adotaram este sistema, é possível  levar esse dado como sendo uma hipótese válida para entender o grande número de diagnósticos de TDAH e Dislexia, provenientes via escola?  Não sei se estou certa, mas, a impressão que ficou para mim durante minhas entrevistas é a de que os professores que estão  há muito tempo lecionando, principalmente  nas redes públicas (municipal e estadual), não estão sendo capacitados para lidarem com a nova realidade que o sistema de ciclos requer e por isso entre os pais o que mais ando escutando é o velho e conhecido ditado popular: “para quê estudar,  aprender, se não se repete?”

Ivo - O sistema pedagógico escolar, seja qual sistema  for, por si só não facilita nem dificulta a aprendizagem do aluno. A diferença de aprendizagem do aluno num ou noutro sistema está na qualificação dos professores para atuarem num ou noutro sistema pedagógico escolar.
Aqui no caso específico da pergunta que se refere à escola ciclada, sabe-se que ela objetiva incluir todas as crianças na escola, a fim de evitar a evasão e a reprovação, bem como melhorar a aprendizagem educacional. Nesse contexto, cabe à escola e à família atuarem de forma complementar e interativa, dado que ocorre no interior da família a primeira experiência educacional da criança.
No entanto, por si só a escola ciclada não poderá dar conta como sistema pedagógico se não ocorrer a necessária conivência entre escola e família, apregoada e recomendada.

Vanessa - O Brasil já é o segundo maior consumidor mundial de Ritalina, droga  prescrita para tratamento do TDAH. Um dos principais objetivos do tratamento é proporcionar uma melhor condição para a aprendizagem. Enquanto educador, qual sua opinião sobre a utilização da medicação quando ela é prescrita com esse objetivo? 

Ivo - Na verdade, remédio algum por si só melhora a aprendizagem. Pelo fato de o TDAH ser um  transtorno neurobiológico, tanto os remédios à base de produtos químicos como os homeopáticos, não contêm a faculdade de cura, mas, entendo que oferecem a possibilidade de provocar quadros de certa serenidade ao seu portador, enquanto os efeitos de tais remédios perdurarem. Assim sendo, durante esse ínterim de relativa serenidade, o aluno poderá estar mais propenso, não somente à aprendizagem, como, também, à normal convivência com as pessoas do seu regular relacionamento ou não.

Vanessa - Em sua opinião, como seria um modelo de educação capaz de atender às exigências do mundo contemporâneo?

Ivo  - A educação para o mundo contemporâneo é a que contempla acesso democrático e social aos saberes a todos os níveis sociais que dela quiserem se valer. Trata-se de educação ao alcance de todos, mas, em três dimensões complementares: educação com domínio dos principais conhecimentos aos quais o mundo científico dá sustentação na qualidade de promotor do saber; educação popular com conhecimentos ao alcance de todas as pessoas de qualquer nível social; tanto os conhecimentos de domínio científico quanto os ao nível popular estão disponibilizados a todos os interessados.

Observação: estas são apenas chamadas aos princípios de educação contemporânea, ainda sem as diretrizes curriculares.   

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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Emir Sader opina sobre o caso da UFABC

Entrei hoje em contato com o professor Emir Sader, que é  mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo, autor de vários livros, com uma longa experiência na área da Educação,   para saber dele uma opinião a respeito da possibilidade  que os candidatos ao curso de mestrado em neurociências cognitiva da Universidade Federal do ABC (UFABC) tiveram em poder escolher participar da seleção usando única e exclusivamente a  língua  inglesa.

Esse “detalhe”, de poder trocar a língua portuguesa em prol da língua inglesa,  ainda está me deixando de cabeça zonza. Confesso que até agora parece que a ficha ainda não caiu direito e eu devo ter tido um daqueles pesadelos que te deixam fora da realidade. Por isso, está muito difícil de digerir toda essa “experiência”, vivenciada porque eu só queria encontrar respostas às minhas pesquisas sobre os transtornos de aprendizagem (TDAH - Dislexia). Ledo engano. O buraco mostrou-se mais embaixo.
  

A ENTREVISTA

Vanessa Gasquez- É sabido por todos que a língua é a expressão máxima de cultura de um povo e como sendo uma Universidade, deveria, a priori, respeitá-la e exigir dos candidatos estrangeiros conhecimentos da língua oficial, assim como acontece em outros países. Qual é sua opinião a respeito desta prática, de permitir a troca da língua portuguesa pela inglesa?

Emir Sader -  Eu considero saudável o critério de trazer estudantes estrangeiros para cá, da mesma forma que estudantes brasileiros possam ir estudar em outros países. Deveria, inclusive, reservar vagas para candidatos estrangeiros, dando prioridade aos latinoamericanos. Porém, a Universidade deveria aplicar  prova de proficiência em nosso idioma, da mesma forma que nós, brasileiros,  somos submetidos quando pretendemos estudar em  outros paises.


Vanessa - Questionei o MEC sobre esse procedimento e novamente, mais uma surpresa. Informaram não existir legislação específica que determine a obrigatoriedade de candidatos estrangeiros dominarem a língua portuguesa e nem das universidades aplicarem prova de proficiência em  Língua Portuguesa. No entanto, na própria página do MEC, podemos verificar que o Brasil tem sim um exame de proficiência em Língua Portuguesa.
A UFABC  nos respondeu que permitiu a troca do português em prol do inglês porque pretende "internacionalizar" o curso. Apesar do MEC disponibilizar o teste de proficiência em língua portuguesa,  a universidade afirmou não ser necessário aplicá-lo e usou como argumento o fato da lei não obrigá-la devido à autonomia universitária. 

Emir :
 Deve-se defender o critério de que os exames sejam feitos em português, para todos os  candidatos.

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Clique aqui  para conhecer o exame de proficiência em Língua Portuguesa

Clique aqui para ler a opinião de Evanildo Bechara, imortal da ABL e um dos principais filólogos do Brasil.

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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Visão farmacológica sobre a Ritalina (Metilfenidato) droga usada em tratamento do TDAH. Será mesmo igual à cocaína?

De acordo com matéria veiculada pelo jornal  Globo News, em 12/11/2010, o Brasil é o segundo maior consumidor mundial de Ritalina, nome comercial do  Metilfenidato,  a droga  mais usada para casos de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade).  Assustei-me quando ouvi dizer que esta droga era igual à cocaína. Como no mundo farmacológico dizem que o nome dos remédios revela muitas coisas, fui perguntar à uma grande amiga minha, farmacêutica, que não tem ligação com nenhuma indústria farmacêutica e nem atua na área clínica, se a informação procedia.   Quis ouvir a opinião de alguém desta área que fosse "neutra" para entender "que raios" significa esse nome e quais são as consequências para o organismo.


A ENTREVISTA


Vanessa Martos Gasquez - Em seu universo profissional o que significa esse nome: Metilfenidato, conhecido comercialmente como Ritalina?
Priscila R. Santos -  Metilfenidato (Ritalina) é um estimulante leve do SNC (Sistema Nervoso Central), estruturalmente relacionado com as anfetaminas, ou seja, um psicoestimulante que provoca maior produção e reaproveitamento dos neutrotransmissores , como Dopamina e Seratonina. 


VMG - Já ouvi dizer por aí que o princípio ativo e as conseqüências deste medicamento são iguais ao da cocaína. Essa informação procede? Talvez seja pelo fato deste medicamento ser utilizado em clínicas de desintoxicação no tratamento de viciados em cocaína?
PRS - O metilfenidato e a cocaína fazem parte da mesma classe de drogas, ambos são psicoestimulantes e atuam aumentando a recaptação da dopamina no núcleo acumbens (centro do prazer). Um estudo de Paul Greengard da Universidade Rockefeller sugere uma forte indução de dependência, gerada pelo uso de metilfenidato, cujo efeito é similiar ao efeito gerado pela cocaína.

VMG -  Para comercialização, os remédios são vendidos com tarjas vermelha e preta e com receitas azul e  amarela. Você poderia explicar para gente o que significam esses códigos? E em qual deles pertence o Metilfenidato?
PRS - Os medicamentos psicotrópicos são classificados em listas A, B e C dos quais para cada lista de medicamentos existe uma receita específica, assim como sua tarja na caixa. Os medicamentos controlados dessas listas encontram-se relacionados na portaria 344/98 da Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária). Dentre os medicamentos da lista C estão os medicamentos de tarja vermelha, dos quais não podem ser vendidos sem a retenção da receita pela farmácia. A receita médica é prescrita em 2 vias, sendo a primeira retida e a segunda via carbonada entregue ao paciente, são os chamados medicamentos psicotrópicos sujeitos ao controle especial.
Os  medicamentos da lista B e B2 são os medicamentos psicotrópicos e anorexígenos (inibidores de apetite), os conhecidos “Tarja preta”. Nessa classificação incluem os ansiolíticos, tranquilizantes, anorexígenos, antidepressivos, antipsicóticos, sedativos e hipnóticos. Sua comercialização e prescrição se dá pela receita azul, também retida na farmácia. 
Já os medicamentos da lista A, do qual o metilfenidato se enquadra, estão os entorpecentes das lista A1 e A2 (Ritalina) e A3 os psicotrópicos estimulantes do SNC (anestésicos, analgésicos opiódes e não opióides), comercializados e prescritos na receita amarela, também retida pela farmácia
. Saliento ainda a informação de que a receita amarela só é usada para receitar dois tipos de medicamentos: a ritalina e a morfina. 


VMG
  - Em sua opinião como farmacêutica você acha que essas drogas causam dependência química?  Tenho ouvido dizer também  que muitas pessoas andam usando essa droga para potencializar o cérebro com o intuito de "ficarem mais inteligentes".
PRS - Bom, em relação à dependência química é importante ressaltar que essa classe de medicamentos deve ser administrada com o acompanhamento médico para que seu uso indiscriminado não lhe traga "surpresas desagradáveis" no decorrer do seu tratamento. O metilfenidato é uma droga usada para o tratamento do déficit de atenção e da hiperatividade (DDAH), e não tem nenhuma relação com o ganho de inteligência. Seria muito bom se a ciência conseguisse descobrir um medicamento para ficarmos inteligentes! As universidades iriam à falência.  

VMG  - Você pode nos dizer, sob o ponto de vista farmacêutico, como a Ritalina  atua no organismo? Quais são as conseqüências?
PRS – A Ritalina atua como um estimulante do SNC (Sistema Nervoso Central) ativando o sistema de excitação do tronco cerebral e córtex. Agora, não tenho como dizer sobre as consequências porque o mecanismo pelo qual ele produz seus efeitos psíquicos e comportamentais em crianças, por exemplo, não está ainda claramente estabelecido, nem há evidência conclusiva que demonstre como esses efeitos se relacionam com a condição do SNC. 


VMG - E sobre os efeitos colateriais, quais são?
PRS - Partindo do conhecimento que toda e qualquer substância química pode causar danos e efeitos colaterais, com o metilfenidato não é diferente. Posso citar que os principais efeitos a curto prazo são: a redução de apetite; insônia; cefaléia e dor abdominal. Já a longo prazo, pode-se verificar alterações discretas da pressão arterial e frequência cardíaca, porém o metilfenidato pode ser  considerado uma medicação clinicamente segura no tratamento do TDAH, apresentando um perfil bastante satisfatório de efeitos colaterais. 
 
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Mais informações sobre a Ritalina

Quem se interessar em saber mais sobre este medicamento sob a ótica médica, recomendo duas entrevistas, com especialistas diferentes. A médica Maria Affonso Moysés, pediatra e doutora em Medicina pela USP (Universidade de São Paulo); Livre-Docente em Pediatria Social pela Unicamp e Professora Titular de Pediatria na Unicamp, afirmou em matéria veiculada pela revista  Carta Capital, em 20/02/2011, ser   contrária ao uso da medicalização porque entende que o TDAH não é uma doença. Clique aqui e leia a reportagem na íntegra. 
 
Em outra reportagem, veiculada no Jornal da Cidade de Bauru, você pode conhecer a opinião do neurologista do Hospital Albert Einstein e vice-presidente da ABD (Associação Brasileira de Dislexia), Abram Topczweski , que é  favorável ao uso do Metilfenidato. O link da matéria não entra diretamente na reportagem. É necessário usar o buscador, inserindo a data de publicação: 08/08/2010 e ir até a página 08 cujo título da matéria é:  Sociedade atual gera mais hiperativos e a página 09 publica a matéria Medicalização de hiperatividade é polêmica . O link do jornal é: http://www.jcdigital.com.br/

Clique aqui e acesse a reportagem do Jornal da Globo News afirmando que em 2009 foram consumidos quase 2 milhões de caixas de Ritalina e que a situação preocupa especialistas em educação.

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quarta-feira, 18 de maio de 2011

McLuhan: uma luz no fundo do túnel?

Dia desses resolvi reencontrar meu professor de Teoria da Comunicação, Roberto Elísio,  para  conversar a respeito das minhas pesquisas sobre os transtornos de aprendizagem. Ele também é um expert em linguagem em quadrinhos. Aí, pensei:  como a percepção do tempo é bem diferente em portadores com esses distúrbios (TDAH-Dislexia), a linguagem dos gibis poderia ser um diferencial  na aprendizagem se o material didático utilizado fosse em quadrinhos. Da conversa nostálgica dos tempos de estudante de Jornalismo,  surgiu um estralo: a teoria de  McLuhan poderia ser  uma via de entendimento para explicar a polêmica sobre o aumento de diagnósticos?.

Comecei então a falar  sobre o que até agora tenho compreendido:

1 -  Os pesquisadores que defendem a existência do TDAH alegam que o transtorno é descrito por médicos desde o século XVIII e é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde, sendo inclusive catalogado como transtorno mental pelo CID – Código Internacional de Doenças;

2 - Os pesquisadores que defendem a não existência do TDAH alegam não existir comprovação científica e argumentam a linha de raciocínio afirmando ser inaceitável catalogar uma doença apenas baseada em critérios clínicos, ou seja,  dizem não haver exame físico que possa corroborar a tese dos pesquisadores que defendem a existência.  Os exames feitos por tomografias computadorizadas não chegam a uma conclusão unânime e sobre isso irei escrever em outro post porque o assunto é complexo;

3 – em nenhum dos dois casos  consegui entender o seguinte:

- Se não existe, o que existe?

- Se as pesquisas começaram a ser feitas antes da explosão da internet e pelo jeito essa variável ainda não entrou como hipótese válida nas pesquisas, poderia estar aqui uma luz no fundo do túnel?

- Se o transtorno é caracterizado por  desatenção, hiperatividade e impulsividade,  a teoria de McLunhan poderia nos ajudar a entender a explosão  do aumento dos diagnósticos? Os gibis seriam uma ótima ferramenta de trabalho pedagógica?

Para encontrar essas respostas, nada melhor do que perguntar ao especialista no assunto!

A ENTREVISTA

O professor Roberto Elísio dos Santos é jornalista, com pós-doutorado em Comunicação Social pela ECA/USP. É autor dos livros História em Quadrinhos Infantil: leitura para crianças e adultos (Marca de Fantasia, 2006), As Teorias da Comunicação: da fala à internet (Paulinas, 2004), Para reler os quadrinhos Disney (Paulinas, 2002), Cinema: Arte e Documento (Pueri Domus, 2002) e foi organizador de O Tico-Tico 100 anos: centenário da primeira revista de quadrinhos no Brasil (Opera Graphica, 2005). É professor do Programa de Mestrado em Comunicação e dos cursos de graduação na Escola de Comunicação da USCS e vice-coordenador do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP. 

  
Vanessa M Gasquez -  Nos últimos anos, principalmente depois da década de 90, houve um aumento nos casos de diagnósticos de crianças portadoras com o TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção. Justamente a década da explosão da internet. Podemos afirmar que as idéias de Herbert Marshall McLuhan sobre quando um novo meio tecnológico de informação  surge, há  alteração na sociedade,  poderiam ser usadas também para entender o aumento nos casos de TDAH, tendo em vista que o transtorno é caracterizado pela desatenção, hiperatividade e impulsividade?
Roberto Elísio dos Santos - Não tenho referencial para avaliar a questão clínica. Mas acredito que muitas pessoas diagnosticadas com TDAH tem um comportamento ou um interesse diferente, o que não constitui uma doença. A relação entre a mídia digital, ou a grande proliferação de informações, com o TDAH, requer muito trabalho de pesquisa para ser ou não comprovada.
Embora McLuhan tenha dito que o surgimento de uma nova tecnologia crie um ambiente humano novo e que uma nova mídia modifica as relações cognitivas, não é possível afirmar que a popularização das mídias digitais seja a causa do aumento de casos de TDAH. A mídia digital, de acordo com Lucia Santaella, faz surgir um novo tipo de "leitor", que essa autora chama de imersivo. Ele teria uma percepção do mundo diferente do leitor das mídias impressas, mas o uso dos meios digitais exige uma atenção, uma concentração tão grande quanto a demandada pelo livro. A diferença está relacionada à forma como se obtem a informação: na mídia impressa, o conhecimento é recebido linearmente, enquanto no meio digital ele vai ser adquirido em fragmentos por links que se conectam e que permitem ao usuário ir adiante ou voltar.

VMG -  A relação tempo-espaço na linguagem dos gibis é bem diferente da dos livros acadêmicos. Essa diferença poderia ajudar o processo de aprendizagem do aluno portador de TDAH? Qual sua opinião?
RES - A aplicação de histórias em quadrinhos na educação é uma ferramenta útil e complementar ao trabalho pedagógico, mas não sei dizer se poderia ajudar o aluno portador de TDAH. É preciso pesquisar de forma científica para verificar. Mesmo assim, cada pessoa percebe e interpreta o conteúdo midiático de maneira diferente.

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domingo, 15 de maio de 2011

Enquanto a ciência não se entende...Surge uma terceira via...

Pesquisando na rede encontrei um livro que fala sobre novas práticas pedagógicas, de Maria Antónia Jardim, doutora em Educação pela Universidade do Porto, Portugal, que logo me chamou atenção.  O livro tem sete artigos que abrangem áreas como psicologia, antropologia, pediatria, focando nas  chamadas “crianças índigo” e fala na necessidade de alterar as atitudes pedagógicas para poder lidar com “essas novas crianças”. 

Índigo – TDAH?  Será  que esses universos tão distintos podem  mesmo aproximar-se? Há uma possibilidade concreta de relação  entre eles?  Minha mente não conseguiu acalmar-se até entrevistar uma das responsáveis pela minha mais nova descoberta: a autora do livro. Afinal, sempre soube que essa terminologia:  índigo,  pertencia ao universo místico, esotérico, espiritualista. O que será que estaria fazendo em um livro sobre técnicas pedagógicas e em uma Universidade como tema de curso de mestrado? Precisava descobrir logo essas respostas porque poderiam ajudar-me a entender melhor sobre as polêmicas a respeito da  existência ou não do TDAH (Déficit de Atenção com Hiperatividade) e da Dislexia.  Afinal, enquanto a ciência não se entende, poderia estar surgindo uma terceira via de entendimento.

Confesso que no começo achei tudo meio estranho, parecia ser coisa de filme de ficção científica. O que posso dizer agora é que tudo indica que este novo conceito poderá promover a quebra dos atuais paradigmas educacionais. E, vamos concordar comigo: já está na hora disso acontecer...

Para quem não sabe o  significado de índigo

De  acordo com o  site wikipedia,   “crianças índigo” é uma teoria  que fala sobre o surgimento de uma nova geração de crianças com habilidades especiais  e que estão nascendo, principalmente em grande peso, depois dos anos 80,  para promover  a “Nova Era”, a construção de uma nova "Humanidade centrada nos reais valores humanos”. De acordo com essa teoria, “essas crianças”, teriam habilidades sociais mais refinadas, maior sensibilidade, desenvolvimento profundo de questões ético-morais e portariam personalidades peculiares que possibilitariam facilmente sua identificação em meio a outras crianças. As “crianças índigo” são também comumente associadas à geração Y.

A ENTREVISTA

Além  de escritora e doutora em educação pela Universidade do Porto, uma das mais antigas do mundo, Maria Antónia Jardim também é coordenadora do mestrado em Criatividade e Inovação da Universidade Fernando Pessoa, em Portugal, e também  professora de psicologia da arte. Já deu palestras aqui no Brasil, na Universidade Federal de Pernambuco.  Concedeu-me a entrevista abaixo, via email, em 08/03/2011,  para publicação em meu livro sobre os transtornos de aprendizagem, que logo sairá do forno. Enquanto o livro não fica pronto, compartilho com vocês um pouco do que ela me disse:

Vanessa M Gasquez:  Como surgiu a ideia de escrever um livro unindo o universo da ciência oficial com o da chamada “nova era”,  “new age”?
Maria Antónia Jardim: Surgiu porque era necessário um livro acadêmico sobre o fenômeno índigo que anulasse a aura esotérica deste tema.  A energia dos índigos é uma energia de ruptura com antigas formas de ensinar.Vocês podem perceber, observar, essas crianças obrigam-nos a questionar as coisas, a mudar a forma como procedemos e até a forma de vivermos, com vista a um maior crescimento e progresso.

VMG – Chegou a encontrar alguma dificuldade em fazer essa ponte, essa ligação entre dois universos totalmente opostos?
MAJ:  Não senti dificuldade alguma. A ponte é feita por quem lê e não por quem coordena o livro.  Enfatizei as novas atitudes pedagógicas e a revolução de consciência que urge fazer.

VMG : Em algum momento sentiu preconceito?
MAJ:  Sim, algum. No entanto, quando ministrava  palestras, explicava sobre o ponto de vista acadêmico, os convidados, no geral, mostravam-se muito satisfeitos e curiosos em saber mais. Tanto é que o livro já está  na 2º edição e  foi até  lançado na  Biblioteca de Alexandrina, no Egito, em maio de 2009.

VMG : Como tem sido a recepção das ideias sobre as novas atitudes pedagógicas?
MAJ A  recepção tem sido ótima. Freqüentemente sou convidada a participar de programas de rádio e televisão e também ministrar palestras em escolas, universidades. Os pais sempre são os que mais  querem saber. Mas, percebo que há receio por parte de alguns professores. No fundo, creio que sabem  que a pedagogia tem que ser alterada e muito.

VMG  - O livro  faz uma relação entre o universo índigo e as crianças com transtornos de aprendizagem, entre eles o TDAH e a Dislexia. Como essa relação é possível? 
MAJ:   Por falta de informação, o universo índigo é confundido permanentemente com autismo, hiperatividade e défict de atenção. É possível verificar a relação observando o comportamento. 

VMG  Qual sua opinião sobre o uso da medicalização quando uma criança tem diagnóstico de TDAH? O Brasil já é o segundo maior país consumidor no mundo de Ritalina, conhecida também como a "droga da obediência".
MAJ:   Florais de Bach, será a melhor terapia. Os Florais são utilizados no tratamento de muitas crianças índigo e é a experiência  que dá os créditos do bem fazer.

VMG Qual sua opinião sobre os índices que mensuram a educação, como é o caso do PISA.
MAJ:   Não revelam o que é essencial: mudar a maneira de pensar dos adultos sobre si próprios e sobre a sua autoridade e poder.


VMG  - Esses índices prejudicam o desenvolvimento de uma nova prática pedagógica? No Brasil, por exemplo, esses  índices são usados também para bonificar os professores e colocar um ranking de quais são as melhores escolas.
MAJ Saber muito não é saber ser e isso é muito mais importante na sociedade de hoje! Saber pensar, a arte de viver e de sentir é que deve constar de um currículo, obrigatoriamente.

VMG  - Em sua opinião, como seria um modelo de educação  capaz de atender às exigências do mundo contemporâneo.
MAJ:   De uma educação, deveria sair modelos de  que todos nós, sem exceção,  somos superdotados  e especiais. Uma educação voltada aos talentos, individualizada,  motivada, em que o botão de “start”, “começar”, estivesse sempre presente. Em que os alunos marcassem TPCs (reuniões entre professores) junto aos professores e estes ficassem contentes com isso! Uma educação que preparasse para o imprevisível, para o absurdo, para o híbrido e o diferente. É isso a vida e é disso que a matéria deste século é feita. Portanto, o saber deve adaptar-se à novas situações, improvisar e usar a imaginação torna-se básico no mundo contemporâneo.

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sábado, 14 de maio de 2011

Devo precisar voltar ao jardim de infância... um caso envolvendo a UFABC

Pessoal, resolvi começar a escrever um blog sobre educação devido ao um fato para lá de inusitado que aconteceu comigo. Minhas pesquisas para a  publicação de um livro sobre os transtornos de aprendizagem, com um recorte na Dislexia e no TDAH (Déficit de Atenção com Hiperatividade), conhecido também como “mente com funcionamento DDA”, estão me levando para um caminho que eu jamais imaginava percorrer. 


Pois bem, eis que durante minhas pesquisas deparei-me com vários argumentos de que tais transtornos não existem. Essa tese vem sendo arduamente defendida pelo Conselho Regional de Psicologia de São Paulo em conjunto com várias entidades da sociedade civil. Como entrevistei um dos primeiros cientistas que havia publicado estudos sobre a existência da Dislexia, o Dr. Albert Galaburda, da Harvad, entrei em contato novamente para saber a opinião dele a respeito dessa tese contrária, já que citam os estudos dele.

Para minha surpresa, o Dr. Galaburda disse que não iria responder essas questões porque para ele esses pesquisadores, que defendem a não existência destes transtornos, estão muito atrasados em relação à ciência, ou seja,  não sabem o que falam. Sugeriu que eu procurasse entrevistar neurocientistas e ainda disse que se eu enviasse a ele perguntas envolvendo provas concretas,  que citem a não existência destes transtornos, que mostram cientificamente que a Dislexia não é uma doença, ele voltaria a  responder minhas questões para a publicação de meu livro. Terminou dizendo ainda o seguinte: apenas abrir a boca e dizer que não é, não é suficiente para ele .....

Foi assim que acabei conhecendo o Núcleo em Neurociência Cognitiva da UFABC. Entrei em contato com o núcleo em busca das tais "provas cientifícas". Consegui  entrevistar dois professores pesquisadores  e  ambos gostaram bastante de minhas pesquisas, dos meus questionamentos e  colocaram-se à disposição para serem meus futuros orientadores caso eu decidisse participar do processo seletivo. Assim, poderia pesquisar academicamente "o ponto de vista científico" sobre  as evidências da existência ou não destes transtornos.  Tudo o que estava faltando para a conclusão de meu livro, afinal já faz quase dois anos que procuro entender essa discussão e não encontro respostas concretas. Até agora, ninguém conseguiu me responder "cientificamente" aos contra-argumentos propostos pelo CRP/SP.   

Por esse motivo, acabei fazendo a inscrição no processo seletivo para o mestrado em tal núcleo. Ao sair o resultado da primeira fase, a primeira  surpresa. Não passei nem na primeira fase!  Não me deram a chance de fazer nem sequer uma prova para demonstrar o quanto sei!!! Até aqui, tudo bem. Pensei comigo: afinal quantos candidatos não passam....???? Sou apenas mais uma ... A segunda surpresa foi pior ainda. Poucos dias depois do resultado, recebi um email de um desses pesquisadores dizendo que não queria  mais participar do livro, de que não queria mais ceder entrevista para a publicação. O motivo alegado? Falta de tempo!!! rs rs rs 

Voltando ao caso do processo seletivo, envolvendo o núcleo de neurociência cognitiva da UFABC,  vários fatos me chamaram atenção:

1 -  Como eles deram preferência ao curriculum lates dos candidatos foi possível acessar o perfil da maior parte dos aprovados nesta etapa;

2 – A lista dos aprovados apresentou  muitos nomes estrangeiros e dentro do perfil deles foi possível verificar que não tinham conhecimentos da língua portuguesa;

3 – Ao questionar a Comissão de Seleção do Núcleo de Neurociência Cognitiva da UFABC para saber o por que não passei, quais foram os motivos e como havia sido utilizado os  “tais critérios de seleção”, aconteceu a surpresa maior. Para espanto meu e de todo mundo que comento o assunto, a Comissão  não soube esclarecer claramente como usou os “tais critérios”. Em email aberto a  todos os reprovados, o prof. Yossi Zana, usou as seguintes palavras: ...” Os avaliadores não divulgaram as razões específicas de não aprovar ou reprovar cada candidato e a Coordenação não possui acesso a esta informação. Achei essa resposta um insulto à minha dignidade e também à minha inteligência. Como  o email veio aberto com todos os endereços dos candidatos reprovados, foi muito fácil conseguirmos entrar em contato um com outro.
  
Dessa comunicação surgiu a ideia de protocolar uma carta de solicitação ao  Reitor da UFABC, prof. Helio Waldman, para que cancelasse o processo seletivo e que tomasse medidas urgentes. Apontamos fortes evidências de que o edital de seleção apresentou cláusulas que infringem os artigos constitucionais de igualdade, garantidos pela Constituição Federal, e de não estarem seguindo as orientações determinadas pelo artigo 44, inciso III, da LDB,  Na data de 4/05 o grupo recebeu a resposta da reitoria negando o pedindo. Pelo teor dos argumentos deles, fica evidente a preferência aos candidatos estrangeiros em detrimento aos brasileiros, o desrespeito total à Língua Portuguesa e à própria Constituição Federal.

O grupo salientou ainda a informação de entender ser  inaceitável o fato de uma universidade pública brasileira admitir em seu exame de seleção que candidatos estrangeiros possam ser aceitos mediante exames realizados exclusivamente em língua inglesa. 


Questionei o MEC sobre esses procedimentos e novamente, mais uma surpresa. Informaram não existir legislação específica que determine a obrigatoriedade de candidatos estrangeiros dominarem a língua portuguesa para que possam ser aceitos pelas universidades e nem mesmo cotas. Isso na prática permite à Universidade poder preencher todas as vagas disponíveis para candidatos estrangeiros que nem sequer dominam nosso idioma.

Entendo que como a língua é a expressão máxima de cultura de um povo, desprezá-la em prol de uma língua estrangeira evidência total falta de respeito à nossa cultura e como sendo uma Universidade pública, a priori, deveria dar o exemplo e exigir destes candidatos domínio do nosso idioma. Cheguei a localizar o candidato Asad Mumtaz, aprovado na primeira etapa, e o mesmo confirmou que chegou a prestar o exame GRE  para concorrer à vaga de mestrado neste curso, que era banqueiro e que não falava nenhuma palavra de português!!!! 

Entendo ainda que ao utilizar como critério de exclusão  apenas uma análise de curriculum,  como primeira etapa de um processo  seletivo, sem ao menos aplicar uma prova de conhecimentos básicos, evidência uma prática totalmente IMORAL que só vem a ratificar o velho  e conhecido ditado popular das “cartas marcadas” .

Como a Universidade respondeu que tem a intenção de "internacionalizar o curso";  como os textos estão quase todos em língua inglesa,  não aplica prova de conhecimentos mínimos em língua portuguesa, afirmou ainda que o processo é criterioso e ético e que publica  as notas dos aprovados,  chego à conclusão de que foi um engano ter participado deste processo. 

Preciso mesmo é voltar ao jardim de infância... rever as aulas sobre pátria, cidadania, ética, como  aprender a interpretar o significado das palavras....saber usar o dicionário..... porque até agora não consigo entender como podem afirmar não  precisar saber dominar a língua portuguesa para cursar uma universidade mantida pelo dinheiro dos impostos pagos pelo povo brasileiro cuja língua oficial do país é a Língua Portuguesa; não entendo também como podem dizer ser éticos e transparentes sendo que  não souberam esclarecer aos candidatos reprovados como usaram os tais critérios e também não publicaram minha nota nem a dos demais reprovados...   sem falar no desrespeito à Constituição  Federal.. 


Para falar a verdade, está difícil mesmo é  entender esse raciocínio...afinal, se o edital exige dos candidatos brasileiros proficiência em língua inglesa e não exige conhecimentos de língua portuguesa aos candidatos estrangeiros, tanto é que há a possibilidade do processo seletivo ocorrer unica e exclusivamente em língua inglesa e como estávamos todos - brasileiros e estrangeiros - concorrendo às mesmas vagas, evidência claramente que os princípios de igualdade garantidos pela Constituição Federal não foram cumpridos. Então.... o processo foi ilegal!!!  Advogados e juízes vivem dizendo que nenhum outro dispositivo de lei tem força maior do que a própria Constituição Federal. Pelo jeito,  não foi o que achou a Universidade, que deu continuidade ao processo e pelo que nos respondeu irá continuar os processos seletivos com "os tais critérios seletivos".

Abaixo, publico a carta enviada ao Reitor, a reposta da Universidade e a lista da primeira fase. Se você, assim como eu e os demais candidatos que assinam a carta, ficar indignado com os fatos apontados, deixe um comentário, um post. Quem sabe a imprensa revolve publicar o assunto e algum parlamentar proponha uma nova legislação, uma lei que obrigue as universidades a não trocarem a Língua Portuguesa em prol da Língua Inglesa durante os processos seletivos para cursos de pós-graduação. Quem sabe ainda não publiquem uma lei CLARA, TRANSPARENTE E ÉTICA.

Os argumentos do CRP/SP estão  publicados no caderno temático 08.
Clique aqui e leia o artigo.  

Entrevistei o sociológo e professor universitário Emir Sader clique aqui e conheça a opinião dele a respeito do caso.

Entrevistei também o imortal da ABL (Academia Brasileira de Letras), Evanildo Bechara, conheça a opinião dele clicando aqui


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Carta enviada ao Reitor