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quarta-feira, 18 de maio de 2011

McLuhan: uma luz no fundo do túnel?

Dia desses resolvi reencontrar meu professor de Teoria da Comunicação, Roberto Elísio,  para  conversar a respeito das minhas pesquisas sobre os transtornos de aprendizagem. Ele também é um expert em linguagem em quadrinhos. Aí, pensei:  como a percepção do tempo é bem diferente em portadores com esses distúrbios (TDAH-Dislexia), a linguagem dos gibis poderia ser um diferencial  na aprendizagem se o material didático utilizado fosse em quadrinhos. Da conversa nostálgica dos tempos de estudante de Jornalismo,  surgiu um estralo: a teoria de  McLuhan poderia ser  uma via de entendimento para explicar a polêmica sobre o aumento de diagnósticos?.

Comecei então a falar  sobre o que até agora tenho compreendido:

1 -  Os pesquisadores que defendem a existência do TDAH alegam que o transtorno é descrito por médicos desde o século XVIII e é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde, sendo inclusive catalogado como transtorno mental pelo CID – Código Internacional de Doenças;

2 - Os pesquisadores que defendem a não existência do TDAH alegam não existir comprovação científica e argumentam a linha de raciocínio afirmando ser inaceitável catalogar uma doença apenas baseada em critérios clínicos, ou seja,  dizem não haver exame físico que possa corroborar a tese dos pesquisadores que defendem a existência.  Os exames feitos por tomografias computadorizadas não chegam a uma conclusão unânime e sobre isso irei escrever em outro post porque o assunto é complexo;

3 – em nenhum dos dois casos  consegui entender o seguinte:

- Se não existe, o que existe?

- Se as pesquisas começaram a ser feitas antes da explosão da internet e pelo jeito essa variável ainda não entrou como hipótese válida nas pesquisas, poderia estar aqui uma luz no fundo do túnel?

- Se o transtorno é caracterizado por  desatenção, hiperatividade e impulsividade,  a teoria de McLunhan poderia nos ajudar a entender a explosão  do aumento dos diagnósticos? Os gibis seriam uma ótima ferramenta de trabalho pedagógica?

Para encontrar essas respostas, nada melhor do que perguntar ao especialista no assunto!

A ENTREVISTA

O professor Roberto Elísio dos Santos é jornalista, com pós-doutorado em Comunicação Social pela ECA/USP. É autor dos livros História em Quadrinhos Infantil: leitura para crianças e adultos (Marca de Fantasia, 2006), As Teorias da Comunicação: da fala à internet (Paulinas, 2004), Para reler os quadrinhos Disney (Paulinas, 2002), Cinema: Arte e Documento (Pueri Domus, 2002) e foi organizador de O Tico-Tico 100 anos: centenário da primeira revista de quadrinhos no Brasil (Opera Graphica, 2005). É professor do Programa de Mestrado em Comunicação e dos cursos de graduação na Escola de Comunicação da USCS e vice-coordenador do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP. 

  
Vanessa M Gasquez -  Nos últimos anos, principalmente depois da década de 90, houve um aumento nos casos de diagnósticos de crianças portadoras com o TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção. Justamente a década da explosão da internet. Podemos afirmar que as idéias de Herbert Marshall McLuhan sobre quando um novo meio tecnológico de informação  surge, há  alteração na sociedade,  poderiam ser usadas também para entender o aumento nos casos de TDAH, tendo em vista que o transtorno é caracterizado pela desatenção, hiperatividade e impulsividade?
Roberto Elísio dos Santos - Não tenho referencial para avaliar a questão clínica. Mas acredito que muitas pessoas diagnosticadas com TDAH tem um comportamento ou um interesse diferente, o que não constitui uma doença. A relação entre a mídia digital, ou a grande proliferação de informações, com o TDAH, requer muito trabalho de pesquisa para ser ou não comprovada.
Embora McLuhan tenha dito que o surgimento de uma nova tecnologia crie um ambiente humano novo e que uma nova mídia modifica as relações cognitivas, não é possível afirmar que a popularização das mídias digitais seja a causa do aumento de casos de TDAH. A mídia digital, de acordo com Lucia Santaella, faz surgir um novo tipo de "leitor", que essa autora chama de imersivo. Ele teria uma percepção do mundo diferente do leitor das mídias impressas, mas o uso dos meios digitais exige uma atenção, uma concentração tão grande quanto a demandada pelo livro. A diferença está relacionada à forma como se obtem a informação: na mídia impressa, o conhecimento é recebido linearmente, enquanto no meio digital ele vai ser adquirido em fragmentos por links que se conectam e que permitem ao usuário ir adiante ou voltar.

VMG -  A relação tempo-espaço na linguagem dos gibis é bem diferente da dos livros acadêmicos. Essa diferença poderia ajudar o processo de aprendizagem do aluno portador de TDAH? Qual sua opinião?
RES - A aplicação de histórias em quadrinhos na educação é uma ferramenta útil e complementar ao trabalho pedagógico, mas não sei dizer se poderia ajudar o aluno portador de TDAH. É preciso pesquisar de forma científica para verificar. Mesmo assim, cada pessoa percebe e interpreta o conteúdo midiático de maneira diferente.

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A informação é o melhor remédio!!!

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