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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

É adulto? Foi diagnosticado TDAH? Precisa saber disso....


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Está acontecendo uma pesquisa muito interessante na Universidade Federal do Espírito Santo. Um grupo de pesquisadores, ligados ao Núcleo de Estudos e Pesquisa em Subjetividade e Política, o NEPESP, busca contactar adultos que foram diagnosticados TDAH para pesquisar o impacto que um laudo positivo tem na vida destas pessoas bem como a questão da medicalização.

A pesquisa está sendo coordenada por Luciana Caliman,  pós-doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro,  doutora e mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da  Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Atualmente Caliman é  professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional da Universidade Federal do Espírito Santo.


Entrei em contato com a pesquisadora  para saber mais  informações e ela concedeu a entrevista abaixo, por email em 28/11/2011.


Vanessa Martos Gasquez - Por que escolheu pesquisar o impacto que o diagnóstico de TDAH tem em indivíduos adultos? A Dislexia também entra na pesquisa? 

Luciana Caliman – Desde o doutorado tenho trabalhado com a temática da atenção e (des)atenção e o TDAH e este diagnóstico está no foco do meu trabalho. Ao discutir o processo de expansão do TDAH, falamos que ele se expandiu interna e externamente: interna, porque a categoria cresceu, se alargou para incluir outros sintomas e outros grupos etários, como o adulto; externa, porque cada vez mais o TDAH tem alargado as fronteiras espaciais de seu mapa epidemiológico. Daí surge a necessidade de pesquisar o diagnóstico adulto, que é super recente e nem sequer é totalmente incluído no DSM IV.

Agora estou desenvolvendo outras pesquisas, especialmente no que diz respeito às políticas de educação e saúde voltadas para o TDAH. Na saúde, estamos pesquisando as políticas da Assistência Farmacêutica do Espírito Santo, voltadas para o transtorno, já que o Estado dispensa o Metilfenidato (Ritalina) pelo SUS. O número de adultos diagnosticados tem crescido significativamente e de forma acelerada, enquanto quase nenhuma pesquisa de caráter  qualitativo tem sido feita para acompanhar os efeitos deste crescimento.

Muito se fala sobre os riscos de problemas cardiovasculares associados ao consumo do remédio Metilfenidato, especialmente em adultos, mas poucas são as iniciativas de estudos que acompanham o efeito a longo prazo do medicamento no adulto. Por outro lado, meu objetivo maior é pensar o impacto não do medicamento, que é super importante, mas do diagnóstico na vida das pessoas diagnosticadas. Vejo o diagnóstico como uma tecnologia subjetiva que produz efeitos existenciais, políticos e sociais e quero analisar que efeitos são estes. Não trabalho diretamente com a Dislexia, mas quando analisamos o efeito de um diagnóstico psiquiátrico na vida das pessoas diagnosticadas, percebemos que alguns efeitos podem ser generalizados para outros diagnósticos.


VMG - Poderia resumir em qual momento da pesquisa a professora está?

LC - Então, a pesquisa do pós-doutorado foi finalizada em 2009, mas muitas coisas do material produzido ainda estão sendo analisadas e repensadas. Parece que nunca efetivamente terminamos uma pesquisa quando continuamos estudando o assunto!

Aqui no Espírito Santo, esta pesquisa se desdobrou em outra que está em seu início e que definimos como pesquisa-intervenção. No semestre que vem, começaremos a realizar rodas de conversa com adultos diagnosticados com TDAH que retiram o medicamento (Metilfenidato) na farmácia cidadã metropolitana. Nosso objetivo é dar voz à experiência que estes sujeitos têm da medicação e de serem diagnosticados com TDAH, ou seja, queremos investigar os efeitos do medicamento e do diagnóstico na vida destas pessoas.

Acreditamos que quando narramos e  compartilhamos uma experiência ela é também alterada, re-significada, interferida pelo processo, por isso a escolha das rodas de conversa ou da técnica da conversa. Uma conversa não é monólogo e nem  diálogo. Uma conversa é sempre aberta ao plural, ao que destoa, ao que difere. Uma das coisas que me incomoda na fala das pessoas que narram a experiência de ser diagnosticado com TDAH, seja em livros ou na net, é que a narrativa é quase sempre a mesma, a história, os nomes, os apelidos, são sempre os mesmos. Buscamos acessar e/ou produzir falas singulares e encarnadas, que digam do concreto de suas vidas e não apenas repitam narrativas vendidas pela midia. Pensamos que a vida é mais singular.


VMG - De que forma  as pessoas adultas que já foram diagnosticadas como
portadoras de TDAH poderão ajudar na pesquisa?

LC - Acho que as pessoas que foram diagnosticadas com TDAH precisam dizer de sua experiência, compartilha-la e também repensá-la na conversa com o outro. É com base nesta experiência que podemos criar ferramentas para melhor acompanhar as políticas direcionadas ao TDAH e neste sentido torná-las  efetivamente públicas.  

Uma coisa que descobrimos em uma pesquisa anterior que fizemos aqui no Espírito Santo  é que as pessoas que pegam o Metilfenidato no SUS não o fazem por muito tempo. Por que será? Podemos indagar, imaginar mas, precisamos dos usuários para dizer o que realmente acontece.

O Usuário não deve apenas "usar"  ou utilizar o SUS, mas geri-lo, criá-lo, construí-lo. A pesquisa tem também este caráter, estamos analisando o efeito de uma política pública. Neste caso, desta pesquisa especificamente, estamos trabalhando com uma população circunscrita: usuários de Metilfenidato da farmácia cidadã metropolitana de Vitória, ES. Aqui, não trabalhamos com entrevistas, mas com conversas, o que se aproxima da técnica dos grupos focais. Por isso,  neste momento estamos fazendo isso de forma presencial. Vejo possibilidades futuras de poder trabalhar com esta narrativa, via entrevista pela net, por exemplo.

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Quem foi diagnosticado TDAH na fase adulta e tiver interesse em colaborar com a narrativa da experiência da medicação e do diagnóstico, pode entrar em contato com a pesquisadora pelo email : calimanluciana@gmail.com


Para conhecer o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Subjetividade e Políticas – NEPESP/CNPq clique aqui
http://www.ufes.br/ppgpsi/nucleos_nepesp.html

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