O neurocientista Eric Kandel está chegando ao Brasil para participar do Congresso Brasileiro de Psiquiatria que irá acontecer no Rio de Janeiro. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, em 2 de novembro de 2011, afirmou que a psiquiatria está em crise por falta de provas científicas e criticou o uso indiscriminado de medicamentos para tratamento do déficit de atenção, como o Metilfenidato/Ritalina. De acordo com ele, como não há os chamados “marcadores biológicos”, não há objetividade no diagnóstico. “A preocupação com a objetividade foi introduzida há uns 20 anos quando houve uma tentativa de validar os critérios do manual para descrever transtornos. Isso foi extremamente importante para que diferentes psiquiatras pudessem dar o mesmo diagnóstico a um mesmo paciente. Mas não houve muitos avanços desde então. Uma das razões para isso é que os psiquiatras não têm os chamados marcadores biológicos à disposição. Se você diagnostica diabetes ou hipertensão, pode usar medições objetivas, independentes. Não precisa se basear apenas naquilo que o paciente lhe conta.”, afirmou Kandel.
Kandel recebeu em 2000, junto com Paul Greengard e Arvid Carlsson, o prêmio Nobel de medicina pelo estudo da fisiologia do cérebro e como ocorre o armazenamento de memórias em neurônios. Carlsson demonstrou que a Dopamina é um neurotransmissor no cérebro e que a ausência dela causa problemas motores, como os observados na doença de Parkinson. Greengard investigou o que acontece quando a Dopamina se liga aos seus receptores em neurônios pós-sinápticos e revelou a cascata de eventos moleculares disparadas dentro de neurônio pela Dopamina para que um sinal passe através das sinapses. Kandel recebeu o prêmio por descrever os mecanismos moleculares envolvidos na aprendizagem e memória.
Estes estudos mostraram que a atividade bioquímica do cérebro tem estreitas ligações com os processos cognitivos, ou seja, como o cérebro aprende. Descobriram que o transmissor chamado Dopamina desempenha um papel central nos distúrbios cognitivos. Por isso, indivíduos diagnosticados com TDAH são medicados com o Metilfenidato (Ritalina) porque este remédio “controla” a atividade neural, ou seja, inibe a recaptação de dopamina no estriado, sem disparar a liberação deste transmissor no cérebro, resultando numa maior concentração.
Neurociência irá mudar a Educação
Para Eric Kandel a neurociência tem o poder de mudar a educação porque permite um melhor conhecimento dos circuitos neurais para a linguagem oral, visual e motora com o intuito de modelar processos mais eficientes de alfabelização e aprendizagem. Em entrevista à revista Super Interessante, o neurocientista afirmou: “descobrimos que o treinamento espaçado é melhor que o treinamento em massa. Ou seja, se você aprender as coisas em pequenos episódios separados absorve mais do que em uma longa sessão. Portanto, precisamos ter aulas curtas e com intervalos regulares. Acho que as pessoas ainda podem descobrir muito sobre os aspectos temporais dos eventos do aprendizado. Podemos entender melhor que parte do ciclo sono/vigília é ideal para o aprendizado, como aprender a associar as coisas, quais os tipos de dicas que facilitam a memorização de um poema. A neurociência nos ensinará uma variedade de técnicas para otimizar o armazenamento de informações no cérebro”.
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Para ler a entrevista na íntegra publicada pela Folha de São Paulo, clique aqui
Para ler a entrevista publicada pela revista Super Interessante clique aqui
Para saber mais sobre o Nobel recebido por Eric Kandel, clique aqui e entre direto na página da premiação (em inglês)
Para acessar a página de Eric Kandel na University Columbia, onde leciona, clique aqui
Quer saber mais sobre os manuais dos transtornos mentais? Está em andamento estudos para a publicação da V edição, prevista para 2013. Clique aqui e acesse o post a respeito.
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Prezada Vanessa, atualmente dirijo o Instituto Scientia de Pernambuco e faço parte da Comissão Técnica do Conselho Brasileiro para Superdotação - CONBRASD. Aqui em Recife algumas crianças com indicadores de altas habilidades/superdotação estão recebendo diagnóstico de TDAH, porque os pais são precionados pelas escolas para procurarem um neuropediatra ou psiquiatra. Em alguns casos o remédio (ritalina)não faz efeito ou dá um resultado completamente adverso. Quando os pais resistem a tais pressões essas crianças são excluídas do processo educacional com expulsões, suspensão e até sofrem rejeição dos seus professores. Suas postagens são muito pertinentes e vou adicioná-las no blog do instituto scientia e gostaria de contar com sua colaboração.
ResponderExcluirGrato pela atenção.